8.7.13

E pais child-friendly, não?

Já eram meninos para desconfiar - pelo que, ao de leve, deixei transparecer aqui - que eu e esta "coisa" do child-friendly não éramos os melhores amigos.
E não somos, é verdade!

Hiperventilem à vontade e atirem-me com frases do género "dizes isso, porque tens muitos apoios" ou "agora que a M. é bebé é tudo muito fácil, mas quando ela começar a crescer, vais ver que dá jeito" e "blá blá blá...".
Respeito isso tudo, que respeito, mas continuo na minha! E continuarei. Até a M. ter 18 anos e isto já não ser temática entre nós ;)


Sinceramente acho que, acima de tudo, os nossos filhos precisam de pais child-friendly.
E o que é que eu quero dizer com isto?
Que podemos ir a restaurantes cheios de mesas com lápis e folhas para fazerem desenhos, podemos ainda ir a restaurantes com animadores ou espaços próprios para os "despejarmos-enquanto-degustamos-uma-qualquer-especialidade-com-pronúncia-francesa", podemos também escolher hóteis com baby-clubs, kids clubs e babysitters a rodos... Podemos isto tudo.
Mas se antes disso não tivermos pensado se estamos mesmo preparados para ser pais, meus amigos, vai correr mal na mesma.

E quando digo preparados para ser pais, digo, por exemplo:
- ter que deixar de ir almoçar fora porque nessa noite ninguém dormiu, logo, um restaurante e os seus barulhos vão deixar a criança ainda mais inquieta e vai ser um inferno para todos.
- ir a um restaurante com amigos e/ou família e já saber que se vai comer a comida fria, porque em primeiro lugar há que alimentar a "cria".
- ir a um restaurante com amigos e/ou família e estar preparado para eventualmente comer a sobremesa já com "alguém" ao colo, porque entretanto o tempo que se aguenta amarrado num ovinho ou num carrinho ou noutro-sítio-qualquer já esgotou (e como eu os entendo!)
-  ir a um restaurante com amigos e/ou família e sair de lá todo vomitado, apenas porque a comida lhe caiu mal.
- ir nas primeiras férias em que já comem sopas, com tupperwares com todas as refeições congeladas, para ter a certeza que nada lhe vai fazer mal.
- ir nas segundas férias (já mais relaxados...), para um hotel normal, cheios de confiança que lhe farão a comida o mais parecida possível com o que come em casa (ficando-se na lista dos piores inimigos dos empregados do restaurante, por sermos os chatos que pedem com minúcia, todos os dias, a ementa da bebé)
- perceber que quando se sai de casa, por mais organizados que sejamos, a sensação é que vamos sempre com  a casa TODA às costas
- aceitar que, mesmo estando um sol maravilhoso, é à sombra que vamos estar a maior parte do tempo. Logo, provavelmente vamos voltar quase-tão-esquálidos-como-fomos.
- decidir que a bebé tem que dormir e que temperaturas de 40º à sombra não são boas para isso, por isso, toca tudo recambiado para o quarto durante 2h.
- ponderar que, se calhar, com menos de 1 ano o melhor é ficar pelo país nas férias grandes, evitando grandes voos, para que seja tudo mais prazeroso para  todos. E porque temos a vida toda para ir com ela conhecer os 4 cantos do mundo.
E por aí fora!

Posso-vos dizer que se sorriram a tudo isto, ou se acham que isto é felicidade - ainda que diferente da que têm hoje porque ainda não foram pais -, então estão no bom caminho para serem uns pais child-friendly!

A vida muda. A vida muda MUITO, com crianças. Mas não são as coisas à nossa volta que têm de ser o nosso principal suporte, mas sim nós próprios.

Tenho (os) dois (melhores) sobrinhos (do mundo!), uma com 4 e outro com 5 (quase 6!) anos.
Desde sempre que vão a restaurantes (dos mais variados), desde sempre que vão de férias (sem condição de serem hóteis child-friendly) e posso dizer-vos que nunca nada desses fait-divers foram precisos.
Se já se aborreceram por estarmos tantas horas à mesa? Já. Mas a coisa resolveu-se, e bem, entre todos.
Se já quiseram ir para a piscina quando aos adultos só apetecia era meia hora a torrar ao sol? Já. Mas a coisa resolveu-se, e bem, entre todos.
Se já quiseram jogar futebol com um calor que não se aguenta, quando só apetecia era estar à sombra sossegado e sem respirar muito? Já. Mas a coisa resolveu-se, e bem, entre todos.
Umas vezes cedendo. Outras dizendo que não!
E precisámos de babysitters, animadores e espaços-super-mega-pensados-para-entreter-criancinhas e coisas-que-tal para isso? Não!
E foram momentos felizes para todos? Foram!
Porquê? Porque os pais, os tios, os avós e afins são todos child-friendly. E, cada um à sua maneira, soube ajudar a resolver cada momento. Sem stress. Sem rancores. Com amor! Com muito amor. Porque, afinal de contas, são eles que nos dão o melhor amor do mundo.


Mas também já tenho exemplos próprios...
Fomos, em Maio, até ao Rio do Prado - perto de Óbidos. Sim, é mesmo um paraíso com rãs a coaxar e outras maravilhas da natureza em bruto. E, não, não tem sequer o restaurante sempre aberto. Muito menos  tem babysitters ou um baby-club. Não tem nada disso! Mas tem gente muito hiper simpática. Gente que tratou a M. como sendo da família. Gente que teve pena quando viemos embora. Gente que guardou com muito carinho, no seu congelador, todas as sopas e leites e afins que levei "às costas". Há mais child-friendly que isto?
Agora em Junho fomos até Évora. Fomos para o M'Ar de Ar Aqueduto. Escolhido apenas porque já lá tínhamos estado há uns 3 anos e tínhamos achado giríssimo. E porque Évora tem aqueles sabores alentejanos irresistíveis! E porque imaginámos que no Algarve a água ainda estivesse fria e a iniciação da M. nestas lides fosse mais fácil numa piscina. Mas querem saber onde encontrámos o melhor exemplo de que esta coisa do child-friendly está dentro de cada um de nós? Na taberna Quarta-Feira. Sim, leram bem, numa taberna. Um amigo já me tinha aconselhado em tempos, mas só desta vez lá fomos. Esqueci-me de levar fruta para a M., no entanto, num sítio onde nem sequer há ementa ou nos dizem de antemão o que vamos comer, a não ser no momento em que vem para a mesa, o Sr. Zé Dias não hesitou em pedir ao seu funcionário que fosse não-sei-onde buscar uma pêra e uma maçã e 5 minutos depois a M. já se deliciava com o seu puré de fruta. Se a taberna Quarta-Feira podia entrar numa lista de restaurantes baby-friendly? Para nós, entrou!

Dito isto, lá continuaremos alegremente a escolher hóteis pela sua localização, pelo design, pelo spa...
E continuaremos a escolher restaurantes pela comida, pela "modinha", pelo design...
E continuaremos a integrar a M. em todas estas escolhas. E porque como são feitas com muito amor e nos deixarão felizes, ela também será feliz, lá... connosco!



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